17 de setembro de 2010

Uma segunda chance


Ontem, você vinha me buscar pra passear, pra dar uma volta. Me chamava pra sair, vinha me ver e ficava até altas horas da noite abraçado comigo e dizendo que me ama. E quando partia eu tinha certeza que no dia seguinte você estaria ali de novo. Hoje quando eu acordei, pensando que seria mais um dia normal. Mas você não chegou na hora, e eu começei a ficar pensando mil coisas que poderia ter acontecido com você, e quando o telefone toca eu vejo seu número no visor. Ao ouvir suas palavras eu senti o mundo parar, e voltar de uma maneira que eu não consegui ficar de pé, tudo rodou rapidamente e quando acordei eu estava num lugar muito claro e senti meus olhos arderem um pouco, me sentia como se eu tivesse dormido por vários anos seguidos, o meu corpo pesava. E de repente eu ouvi alguém chorar, e quando olhei havia uma pessoa ao lado de uma cama e segurando a mão de uma pessoa de quem eu não conseguia ver o rosto direito, e eu resolvi chegar um pouco mais perto. E quando eu me aproximei eu não conseguia acreditar no que via, era o meu corpo esticado naquela cama, naquele quarto de hospital. Estava com uma aparência triste, e com a pele pálida. Estava indefesa, estava sem forças, dormia profundamente. E ao lado se encontrava ele, chorando, às vezes beijando minha face, outra hora minha mão. Chorava sem parar, e sua aparência parecia de uma pessoa que não dormia a muitas noites, de alguém que tivesse parado de viver. De vez enquando aparecia alguém para me examinar, para ver se eu tinha acordado do meu sono profundo. Você falava entre soluços. Cheguei um pouco mais perto para tentar ouvir e você dizia que foi um tolo, que me amava, e que sem mim você não saberia como viver. Senti uma lágrima escorrer dos meus olhos, e quando voltei a olhar o meu corpo imovel naquela cama não havia sinal de lagrima alguma. Começei a sentir umas sensações esquisitas, uma luz forte surgiu na minha frente, começei a gritar desesperadamente mais você não me ouvia, ninguém me ouvia, senti minhas pernas ficando moles, e depois de alguns segundos tudo tinha ficado preto, não conseguia abrir os olhos, minha respiração ia parando aos poucos. E depois de alguns minutos nessa situação de agonia, eu ouvi um barulho ensurdecedor, eu não sentia mais nada. Eu tinha deixado de existir, não sentia mais meu corpo. Em questão de segundos, eu senti algo passar subir sobre todo meu corpo, como se fosse uma forte corrente elétrica. E abri meus olhos, você estava segurando minha mão ainda, e chorava muito mais do que alguns minutos atrás. Quando seus olhos foram de encontro ao meu e me viu ali viva pra você, eu vi aquele seu lindo sorriso se abrir, assim como um arco íris após uma chuva. Eu podia sentir a sua felicidade de me ver viva através do seus olhos, e agora voltava a chorar mais não de tristeza e sim de alegria, por a vida ter te dado uma segunda chance de ser feliz, de ter o amor da sua vida. E depois de mais alguns dias no hospital eu voltei para casa. Você via me ver mais vezes no dia, e quando não conseguia estar presente, me ligava só pra dizer o quanto sentia saudade, e o quanto me amava. Depois daquele dia eu nunca mais fui a mesma. Passei a aproveitar a vida com mais prazer, eu dizia que te amava o dobro de vezes, aproveitava o maximo os segundos ao seu lado. Te amo hoje, amanhã e sempre.

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